A matriz curricular é uma proposta pedagógica usada pelas escolas para embasar todo o conteúdo que será oferecido durante o ano letivo, com o intuito de homogeneizar o nível de conhecimento dos alunos em cada fase do processo de aprendizagem, independentemente da instituição em que estudam.

No Brasil, o Ministério da Educação (MEC) é o órgão do governo federal que estabelece as diretrizes curriculares da educação básica, por meio da Base Nacional Comum Curricular (BNCC). Reformulada em 2018, a BNCC compreende habilidades e competências que devem ser desenvolvidas, assim como os conteúdos adequados para cada etapa de aprendizagem dos alunos.

Quer saber o que considerar na elaboração de uma matriz curricular para adequar o conteúdo da sua instituição? Então, continue a leitura!

Compreenda o sujeito e seu direito de aprender

O ser humano é multidimensional, ou seja, tem peculiaridades e isso reflete no seu processo de aprendizagem e desenvolvimento como pessoa. Crianças e jovens de todas as idades têm direito a uma formação de qualidade, que considere-os como um sujeito autônomo formado a partir de seu corpo, mente e contexto social.

Nesse sentido, as atividades de ensino-aprendizagem precisam contemplar alguns aspectos para que esse direito seja amplamente atendido:

  • multiletramentos;
  • sociabilidade;
  • participação;
  • pensamento crítico;
  • pensamento criativo;
  • autoconhecimento;
  • projeto de vida.

Consulte a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCNs) e o Plano Nacional de Educação (PNE)

Como mencionamos, a matriz curricular brasileira no ensino básico obedece as diretrizes da Base Nacional Comum Curricular, o Plano Nacional de Educação (PNE) e os Parâmetros Curriculares Nacionais.

Dessa forma, sua criação é dependente de diversas etapas: os educadores, após compreenderem as particularidades do sujeito a que o documento se destina, devem adequar sua proposta pedagógica às especificidades de cada etapa.

Os documentos apresentam objetivos e as metas de aprendizagem para cada fase, por meio da especificação dos conteúdos a serem trabalhados:

  • educação infantil: compreende alunos das creches (de zero a três anos);
  • pré-escola: atende alunos de quatro e cinco anos;
  • ensino fundamental I: abrange alunos do 1º ao 5º ano;
  • ensino fundamental II: abrange alunos do 6º ao 9º ano;
  • ensino médio: atende estudantes do 1º ao 3º ano (15 a 17 anos);
  • Educação de Jovens e Adultos (EJA): estudantes a partir dos 18 anos (contempla o ensino fundamental e médio para aqueles que não frequentaram a escola em tempo e idade regular).

Apresente fundamentação teórica

A matriz curricular é organizada e fundamentada por áreas de conhecimento, que sistematiza o saber edificado na sociedade. Dessa forma, tem grande importância para a documentação e deve contemplar os seguintes componentes curriculares:

  • artes;
  • educação física;
  • língua estrangeira moderna;
  • língua portuguesa;
  • matemática;
  • física;
  • biologia;
  • química;
  • história;
  • geografia;
  • filosofia;
  • sociologia;
  • ensino religioso.

Na organização da proposta pedagógica é imprescindível o acesso do aluno a todas essas áreas do conhecimento de forma integrada. O intuito é combiná-las depois de estarem agrupadas em linguagens, ciências da natureza, ciências humanas e ensino religioso.

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Isso rompe a fragmentação das disciplinas e confere um sentido maior aos conteúdos, permitindo contextualizá-los às trajetórias e experiências do aluno. A partir dessa abordagem integrada, o estudante se relaciona melhor com o conteúdo e desenvolve questionamentos que facilitam seu processo educativo.

Contextualize o processo de aprendizagem

O processo de aprendizagem não se restringe aos conhecimentos acadêmicos dos alunos em cada etapa em que eles estão inseridos. Também está relacionado ao mundo em que esse sujeito está inserido, sua visão acerca dos fatos e suas vivências.

A contextualização do conteúdo a esse meio permite que os estudantes ampliem seu repertório e estabeleçam conexões do que aprenderam com seu mundo, afinal, em cada região existem modos específicas de se manter saudável, se vestir, comer, brincar, morar, contar histórias, se expressar artisticamente, se relacionar com natureza, fazer e compreender a política e lutar pelos seus direitos.

Dessa forma, a partir de vivências e práticas culturais, os alunos estabelecem relação entre o conteúdo compreendido, suas crenças e os valores com os quais se identificam, garantindo novas aprendizagens e o seu reconhecimento como agente na comunidade. São sugeridas atividades como:

  • brincadeiras representativas;
  • conteúdos que destacam a especificidade da língua falada;
  • preparação de comidas típicas;
  • estudo do vestuário;
  • atividades sobre festas locais;
  • reinterpretação de expressões artísticas e narrativas do meio;
  • análise da organização política;
  • estudo das condições e características ambientais.

Defina as abordagens da matriz curricular

É preciso integrar múltiplas estratégias na abordagem da matriz curricular, por meio das quais, conforme as características e idades dos alunos, é possível criar atividades individuais e coletivas para estimular diferentes competências nas mais diversas áreas de conhecimento:

  • pesquisas em grupo;
  • cursos com mestres locais;
  • projetos de intervenção;
  • saraus literários;
  • campeonatos esportivos;
  • games eletrônicos;
  • atividades inclusivas;
  • contação de histórias;
  • mostras culturais;
  • encenações;
  • feira de ciências;
  • debates, etc.

Independentemente da abordagem escolhida, o orientador deve ter definido claramente sua intenção pedagógica e, a partir disso, estruturar um planejamento com metas e objetivos de aprendizagem.

As diversas atividades despertam o interesse dos alunos, permitem que eles aprendam a se expressar, descubram mais sobre a comunidade, trabalhem com colaboração e respeitem a individualidade do outro. Dessa forma, os educadores identificam a singularidade de cada estudante e podem direcionar melhor novas estratégias para seu processo de formação.

A ideia é colocar em prática recursos e intervenções que se associam às necessidades e aos interesses dos estudantes, assim como dos objetivos de aprendizagem e desenvolvimento definidos no currículo. Cabe ao professor identificar e promover essas conexões.

Como vantagens, essas práticas pedagógicas:

  • remetem a essência dos alunos;
  • incentivam a participação da comunidade;
  • valorizam o contexto em que a escola está inserida;
  • propõem formas inovadoras para abordar os conteúdos do currículo;
  • tratam o meio como um importante espaço de aprendizagem;
  • permitem o uso de materiais de baixo custo que facilitam a experimentação e exploração do conteúdo.

A matriz curricular é uma diretriz que permite a qualquer instituição diversificar o conteúdo programático sem perder a seriedade com que o ensino deve ser tratado. É uma forma de manter a homogeneidade das metodologias, mas também personalizar a proposta pedagógica conforme as características dos alunos e as especificidades de cada região.

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